sábado, 12 de dezembro de 2009

Formatura, futebol e fé

O comentário feliz de uma amiga "volte a escrever" veio em hora certa! Mês passado fui a colação de grau do ensino médio da turma da minha irmã mais nova e isso me fez pensar em algumas coisas pra colocar aqui. Esse tipo de formalidade sempre me causa um certo embrulho no estômago. Mais um tipo de ritual, pra mim, incompreensível e injustificável. Não quero ser acusado de intolerância, tento manter certa neutralidade, mas confesso ser difícil. Primeiro, aquelas becas e chapéus artificiais, que já não fazem sentido nenhum. O hino nacional, um símbolo da lavagem cerebral sutil e invisível que é feita sobre cada habitante desde que nasce. As lágrimas e gritos de emoção, sensação que não se distancia de um ritual religioso cego. Depois tem que comprar a droga do álbum de fotos e tudo o mais que é padronizado e repetitivo. Diriam os teóricos que todo o processo é mercantilizado. Os seres se perdem no meio daquela massa e auto-apagam sua individualidade.

Ora, a educação deve ser um direito básico de todos, não uma conquista. Terminar o ensino médio ou a faculdade não é mais uma questão de mérito, mas um processo social normal que as pessoas, com possibilidade de fazer o que gostam deveriam passar (e não do qual queiram se livrar). Uma fase importante da vida? Um rito de passagem? Um marco de transição? Sim, claro. Mas o importante não está no que se faz naquele dia (o dia da formatura) nem em como se faz, nem mesmo em se fazer uma comemoração. O importante é o que se vive a cada dia, as pessoas que encontramos, as experiências, os amores e as amizades criadas.

Mas nem tudo é crítica. O evento teve, para mim, dois momentos altos, divertidos e surpreendentes. O respeito e a alegria daqueles jovens ao celebrar a música tocada no trompete por um dos alunos - cego. E o deboche ao juramento final, em que, após cada frase, todos respondiam em coro "sim senhor!".

Na semana seguinte, fui ao Rio, para ver o última vitória do Flamengo, campeão brasileiro de 2009. Estava disposto a entrar na massa. Não para entender, nem para explicar. Apenas para me jogar mesmo. Nem acredito que isto me faria ser mais tolerante. (In)felizmente, os ingressos já haviam acabado...