domingo, 14 de dezembro de 2008

Père Noël Outsider



Passei por essa situação no meu primeiro mês na França.
Pelo menos hoje podemos rir disso.
:)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

(H)Estórias de Brest


Brest é uma cidade francesa localizada na região da Bretanha - região que dá nome ao antigo reino anexado à França por volta de 1300. Segundo uma estória que ouvi por aqui (e cuja veracidade não procurei confirmar), a rainha da Bretanha, num acordo entre os dois reinos, teria se casado com o rei da França nessa época, aceitando desposar cada um dos herdeiros caso o rei viesse a morrer. Em contrapartida, a França se comprometeria a não cobrar impostos nas estradas da Bretanha.

Resultado. A rainha se casou três vezes, com cada um dos irmãos mais novos do rei, e cerca de setecentos anos depois a Bretanha continua sendo a única região da França em cujas estradas não se cobra pedágio!

Várias outras estórias curiosas podem ser contadas a respeito de Brest, como a respeito de qualquer outro lugar (real ou imaginário). Vou me limitar a apenas duas mais.

H(e)stórias
A cidade se localiza numa bahia estratégica, onde se encontra a principal base da marinha que dá acesso à costa Atlântica, em direção à América e bem próxima à Inglaterra. Isso fez da região ao redor um ponto militar estratégico para a marinha desde as guerras napoleônicas.

Exibir mapa ampliado
Durante a segunda guerra ela foi quase totalmente destruída e reconstruída décadas depois, sendo que algumas construções utilizadas pelos alemães, como alguns pontos de vigia e este porto de submarinos, ainda se mantém.

Não deixa de ser um sentimento diferente ver com seus próprios olhos uma pequena parte da história que lemos por muitos anos nos livros e da qual poucas vezes consigo me convencer que tenha sido real.

Faróis

A costa é magnífica, digna de um cenário de filmes de tempestades e naufrágios. Devido à quantidade de navis e entradas, podemos ver vários faróis espalhados ao longo do cenário.



Um desses faróis teve um papel importante na vida de Odile, a gentil senhora que me recebeu como um filho em sua casa (mal posso descrever os pratos tradicionais da bretanha cozinhados por ela).


Foi para trabalhar na construção deste farol (à esquerda ao fundo na imagem acima) que seu pai imigrou da Polônia para a França, há mais de 60 anos atrás. E foi em Brest que conheceu sua esposa, criou seus filhos e resolveu passar toda sua vida dali para frente.
De certo modo, por causa "deste faról" não só Odile vive em Brest, o que me possibilitou estar lá por alguns dias (pois a conheci com seus filhos no Brasil há 7 anos atrás), mas mais. Por causa "deste farol", quem sabe, estamos nós também reunidos hoje.

sábado, 1 de novembro de 2008

Estrangeiros



Uma hora já havia se passado, num encontro que tinha hora marcada. E mais três estavam por vir. Na fila, cada qual com sua senha em mãos, num espaço onde passaportes das mais variadas nacionalidades não-união-européias se encontravam. Como de costume nessas situações, ele já havia olhado para os dois lados da fila, a procura de pessoas, a procura de uma maneira de aproveitar o tempo (evitável) de espera.

Visto que não conseguira encontrar uma maneira de se engajar na conversa do casal ao lado (o que parecia uma turca e um japonês), muito envolvidos num diálogo introspectivo, e que, da face oposta, os coreanos também não aparentavam uma imagem amistosa, puxou um livro da mochila. Já havia atravessado todo um capítulo ao longo daquela primeira hora. No entanto, antes que começasse a desbravar segundo, resolveu erguer novamente as sobrancelhas e ler novamente o mundo exterior.

Nesse momento, um som familiar foi reconhecido e o atraiu para mais perto. Não foi preciso falar nada. O olhar o delatou. Eram brasileiros (aqueles que enfrentavam problemas na universidade). Não precisavam mais esperar e partiram. Mas lhe deixaram uma senha, que lhe fazia sair da posição 132 para a posição 122 – e que, ao final, resultou num ganho de uma hora (a menos).

Tendo percebido, pela experiência compartilhada com seus compatriotas, a velocidade média de chamada dos números – bastante inferior à velocidade média de chamada das letras que entre eles vinham – também decidiu partir. Foi ao banco, passou em casa, comeu, trocou uma frase amistosa com o colega da recepção. E voltou. A contagem já estava nos 90, mas ainda distante dos 100. Observou novamente. Uma cadeira vazia, estrategicamente posicionada. Sentou-se ao lado da moça, de número 150 e cuja nacionalidade ele nunca soube.

Ela fazia psicologia. Era fonoaudióloga e havia decidido cursar uma nova graduação fora de seu país, a fim de desenvolver seus estudos sobre cognição. Ele fazia doutorado em sociologia. Era economista, mas se interessava particularmente pela psicologia social. E conhecia uma lingüista, não muito distante dali, cujo campo de estudo se aproximava da análise cognitiva. Embora não fosse sua área, adorava escutá-la falar sobre os modelos computacionais elaborados para discutir o funcionamento do cérebro no processo de construção de sentenças da fala.

Assim, em 5 minutos já haviam percorrido as mais distantes áreas do conhecimento, das ciências naturais às sociais, atravessando, por meio da psicologia, a economia, a sociologia, a biologia e a computação. Para ele, todas as barreiras disciplinares e continentais estavam naquele instante superadas. Muito tempo ainda lhes restava.

Sugeriu um café. Ela recusou: “Pas de café pour moi”. Ele insistiu, com seu jeito calmo. “Água? Chocolate?” “Tem certeza?”. Ela não queria nada. Talvez não estivesse acostumada a receber (ou oferecer) algo sem esperar nada em troca. Ao menos não de um estranho. Talvez para ela, aceitar algo, mesmo que oferecido de forma livre e gratuita, seria o mesmo que assumir um compromisso.

Receber é, muitas vezes, mais difícil do que pensamos, do que compreendemos. Todos os dias rejeitamos coisas. Objetos, olhares, cumprimentos. São pequenos ou grandes atos, cujo efeito possível, no caso de uma escolha inversa, permanecerá ignorado. E por conseqüência, permanecerá banal, dando a confortável impressão de irrelevância. Essas idéias não lhe haviam cruzado a cabeça, quando se levantou, sorriu, despediu-se e se dirigiu a cafeteria.

Numa outra fila, pequena o suficiente para não permitir maior contato com seus apressados visitantes, não se preocupou em ceder algumas vezes seu lugar. Menos ainda se preocupou com as crianças, que invertiam constantemente seus pedidos aos pais. Café em mãos. Retornou. Verificou que a barreira dos 100 havia sido rompida e, sem perceber que seu último acento estava já ocupado, se sentou numa posição onde poderia ouvir facilmente seu novo número (122 e não 132) quando fosse chamado.

Havia chegado lá às 08h30m, assim como aquela centena de gente que acreditava que aquele seria o seu, e somente o seu horário, já que era pré-agendado. E já se aproximava das 13hs. Como todos os dias (!), um dos funcionários que organizava as senhas apareceu para avisar aqueles que estavam com números acima dos 130, que poderiam sair para comer algo caso desejassem, pois não seriam chamados tão cedo.

Com a notícia dada pelo funcionário, ele se sentiu ao mesmo tempo feliz, pelo contato com os brasileiros ter-lhe permitido ser atendido ainda pela manhã, e indignado, por saber que a metade daqueles que haviam chegado ao mesmo horário que ele, poderia, sem prejuízo, ter chegado depois do almoço. Reparou, entre aqueles que saíam, a moça que havia rejeitado o café. Assim como a maioria dos demais, ela não pareceu surpresa com o aviso e se foi, sem demonstrar perturbação por ter esperado 5 horas à toa.

Ele então voltou ao livro e, no segundo capítulo (o qual terminou pouco antes de ser chamado), reencontrou sua antiga senha. Qual seria agora o destino daquele pequeno pedaço de papel? Atirado ao lixo sem piedade, aquele objeto era uma fenda entre dois universos paralelos, uma possibilidade vislumbrada entre milhares desconhecidas por trás de uma simples oferta. Mas todos haviam partido e ela não aceitara o café. Ah, o café. Se o tivesse aceitado, certamente o papel teria sido seu.

domingo, 19 de outubro de 2008

18 de outubro

Uau!
Hoje foi um dia incrível, repleto de tudo o que eu mais gosto: diversidade! Eu sempre me considerei uma pessoa com muita sorte e hoje não foi diferente... Quando eu achava que ia passar um aniversário meio sem graça, sozinho em Paris, sem que eu mesmo pudesse perceber de imediato, era o contrário que, aos poucos, acontecia.

Não me animei em fazer nenhuma grande festa, queria poder ver muitas pessoas, mas não todas ao mesmo tempo, para poder aproveitar bem cada encontro. De qualquer forma, ainda sem telefone, nenhum plano e pouco a vontade para chamar amigos que ainda não conheço bem para lugares que ainda não me sinto tão à vontade, deixei o dia seguir para ver no que daria. E, fazendo um balanço geral, fiz um pouquinho de quase tudo que eu mais gosto.

Os eventos tiveram início no dia anterior, com uma reunião informal social/política dos estudantes da casa da Grécia. Havendo muitos problemas por aqui, dos quais eu tratarei em um outro breve momento, imaginei que seria bem importante esse primeiro encontro. Logo no início da noite, a discussão do grupo caminhava para o balanço das festas anteriores e das próximas festas que o Comitê dos estudantes poderia fazer. Sem desconsiderar a importância inegável das festas, fiz uma intervenção rápida sugerindo que haviam problemas estruturais na casa sobre os quais poderíamos discutir mais.

Sem muito esforço, e de forma surpreendente, a reunião caminhou a partir daí para uma discussão política - no bom sentido da palavra - como se fosse necessário apenas esse empurrão inicial. Outros estudantes tomaram a fala e cada um foi pegando a corda que prosseguiu até o ponto que eu achava mais importante: a participação do comitê dos estudantes nas decisões sobre o orçamento da casa (isso ficará bem mais claro na próxima postagem sobre a Fondation Hellenique). Me dei por satisfeito, vendo que há um espaço e um grupo interessante aqui para trabalhar sobre essas questões ao longo deste ano.

Enfim, a meia noite, após a reunião, a única pessoa a quem eu havia revelado meu aniversário o disse a todos. Logo, cantaram em coro o "parabéns pra você" em grego! Ganhei uma cerveja e, com mais duas ou três pessoas (bem como eu havia dito acima), fiquei conversando bobagens por mais umas duas horas. Entre 3 ou 4 da manhã, já no quarto, um parabéns em português dos meus pais e mais umas horas de conversa por internet...

Fui dormir e, o que eu esperava para o dia seguinte? Nada. Havia apenas marcado o basquete à noite, que eu iria pela primeira vez aqui com a Marceline, uma amiga francesa a quem também contei que fazia años - como creio que dizem os argentinos.

Me dei o direito de dormir até acordar e, logo, fui tomar um bom café na cozinha, onde encontrei um rapaz grego e uma moça norueguesa, que estuda teatro para se tornar uma Clown! (palhaço fica estranho no feminino...) Uma excelente conversa, a três, sobre algo que me encanta, o palhaço - e com alguém que vive para isso. Como se não bastasse, ao descobrir que era meu aniversário, ela me oferece um parabéns em norueguês, com direito a dança tradicional ao meu redor, quase um culto indígena!

Voltei ao quarto, peguei meus malabares, animado para dar uma corrida até o gramado da Cité. Após uns 15 minutos jogando, sou convidado para participar de um filme, um curta que alguns jovens estavam filmando logo ao lado.

A estória tratava de uma sociedade na qual havia apenas uma marca para todos os produtos. Roupas, remédios, comidas, bebidas, escolas.... tudo pertencia a BUG (quase um 1984, do Robert Orwel, ou uma Utopia, do Thomas Morus). Evidentemente, aceitei. A cena se passava em um hospital, onde um viciado na bebida BUG, fazia um tratamento. Minha participação foi sutil, ao fundo, fazendo os malabares, com um jaleco BUG, enquanto outras pessoas compunham o cenário de formas variadas, todas com jalecos iguais. Espero que o rapaz com quem deixei meu e-mail dê, em algum momento, um retorno, pois fiquei realmente curioso sobre o filme.


Após terminada minha participação cinematográfica, vejo, lendo um livro sob uma árvore, uma argentina, a quem eu havia dado uma ajuda na fila do banco há cerca de uma semana. Paramos para conversar e mais uma troca agradável, sobre literatura e as universidades brasileiras, argentinas e francesas, incluindo, evidentemente, um parabéns em espanhol!

Eis que somos chamados por uma turma de amigos (nós não os conhecíamos) para uma partida de pique-bandeira! A maioria canadenses e entre eles, uma moça da África do Sul, um Norte Americano e um Boliviano. Enquanto Florencia, a argentina, foi buscar um mate (bebida típica da sua terra, semelhante ao nosso chimarrão), pois não havia se animado muito a correr, eu entrei no jogo e, sem falar muito dessa vez, passei um momento bem divertido. Ao final do jogo, ainda assinamos um cartaz de manifesto que alguns dos jovens preparavam para protestar contra a falta de interesse das grandes nações, do FMI, do Banco Mundial e da ONU em lutar contra a pobreza no mundo.

Após o mate, volto à casa da Grécia e tenho uma idéia inusitada, mas que resultou em uma combinação excelente. Levo meia barra de chocolate para comer durante o banho! Água corrente e chocolate! Isso é que é ser feliz! Você deveria provar!

Como algo mais substancial em seguida, respondo alguns e-mails de felicitações e, numa conversa rápida no msn, Adriana, minha irmã mais nova, me sugere que eu devo comer um crepe em Paris hoje, já que essa é a tradição em Brasília! Penso comigo, "que excelente idéia", se eu já conhecesse alguma boa creperia tradicional aqui. Deixo pra lá.

Vou ao basquete, onde encontro a Marceline e sua melhor amiga, Manon, duas moças entre uns 12 rapazes que parecem ter um bom nível de jogo. O jogo é divertido e tranquilo, faço muitos pontos, cestas de 3, assistências, rebotes e roubo uma ou duas bolas, há um mês sem jogar... Gostei muito do grupo (jogo saudável e limpo, sem nenhuma discussão boba) e, certamente, irei todo sábado. O difícil é falar francês e jogar ao mesmo tempo! Ou um ou outro!

No intervalo, a Manon me diz: hoje vamos a uma excelente creperia, o meu restaurante preferido, para comemorarmos seu aniversário! Teria surpresa melhor caindo assim ao "acaso" para terminar o dia? Preciso dizer que o crepe foi sensacional e a companhia das duas uma delícia? Ou seria o contrário?! Sem pensamentos sujos! ;) Registramos uma foto no celular da Marceline que espero logo poder colocar aqui se o aparelho permitir.

Voltei pra casa realmente feliz com meu dia e tão animado que não poderia ir dormir sem antes escrever tudo isso!

A todos os queridos que vão e que vêm! Apesar do dia, vocês fazem falta!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

L'Université Paris X - Nanterre

De cara, a universidade de Nanterre se diferenciou das outras (não muitas) universidades que eu havia passado por aqui por uma questão bem evidente. Sua arquitetura, moderna, não responde ao padrão das construções antigas e monumentais das diversas universidades Sorbone ou das Escolas Superiores Normais que vi em Paris. Nanterre lembrou um pouco a UNB e, de uma forma geral, Brasília - com prédios um pouco mais funcionais e menos grandiosos do que as construções de Paris.

Sua estrutura é muito boa, com diversos pavimentos distribuídos ao redor do Campus, que tem no meio um grande centro atlético, com piscinas, várias quadras esportivas, salas de dança e teatro. Entre as construções, as quadras e os caminhos que os ligam há uma centena de gramados, muito verdes e constantemente repletos de jovens, que lá se reúnem entre os horários de aula e, principalmente, durante o almoço. Muitos preferem os sanduíches de baguete (hábito generalizado entre os estudantes de toda Paris) ao restaurante universitário que, para os meus padrões, é excelente. (Tirando o fato de que quando procuro um sanduíche sem carne, não poucas vezes este também não tem salada!).
Aparentemente, o fato de observar jovens brancos, negros ou asiáticos reunidos em grupos diferentes se deve mais a uma questão étnica do que racial, por mais confusa que esta diferenciação possa parecer, mesmo para a sociologia.

O Restaurante e os gramados:




Não sei bem dizer ainda o que estas diferenças significam, além de que, sendo uma universidade relativamente mais recente, deve carregar elementos distintos também na sua estrutura e organização social e cultural interna - seja em relação a professores ou alunos. A princípio, parece que as diversas manisfestações estudantis também têm uma forma particular em Nanterre, que foi o palco inicial da famosa Revolução dos Estudantes de 68. Nesse sentido, também diferente do que pude ver em outras universidades, os murais de Nanterre mostram bem porque ela tem a fama de abrigar os "esqueristas" (gauchistes, como ouvi dizerem por aqui). Não são raras as "greves" em que os estudantes fecham as portas da universidade, impedindo todas as atividades.

Os muros de Nanterre:

(Esse cartaz no meio não é um erro. Realmente estava lá!)



Este último merece uma nota especial. "Nenhum funcionário da universidade têm o direito de te pedir o visto para realizar sua matrícula. Sua identidade pode ser provada com seu passaporte. É a carteira de estudante que dá direito a um visto e não o contrário!"

Por incrível que pareça, esta é uma prática comum da qual muitos estudantes estrangeiros são vítimas e que dificilmente pode-se dizer não má-intencionada. Ao fazer meu visto, encontrei estudantes brasileiros que haviam passado por esta situação. O funcionário da universidade lhe pede o visto (e é difícil acreditar que este não saiba que isto não é necessário) e, ao ir à prefeitura, o funcionário da prefeitura lhe pede a matrícula. O estudante fica zanzando, indo e voltando várias vezes de um órgão a outro antes de que possa ser aceito legamente no país, como se isso o fizesse querer voltar...

Hoje, não pude comprar um celular pois ainda não tenho o visto. E o funcionário ainda me disse que o passaporte também não é válido. Como conheço algumas pessoas que já compraram telefones , mesmo sem o visto, e o cara estava fechado para o diálogo, fiquei pensando comigo: será que foi porque ele viu que sou brasileiro ou foi pela minha cara de árabe?

A caminho de Nanterre

Primeira semana de aulas. Tive que levantar cedo para pegar o metrô até a universidade, que fica um pouco distante do centro de Paris, há cerca de 45 minutos, com apenas uma troca de trem.
Logo de manhãzinha, o transito já é intenso. Na saída da cidade universitária, uma linha de trainway (este trem verdinho a direita na foto), divide o espaço nas ruas entre carros e bicicletas.

Ao entrar na estação, eis minha primeira surpresa. O metrô estava tão lotado que tive que deixar passar 2 trens para entrar no terceiro. Sorte que eles chegam de 2 em dois minutos. O mais interessante foi a atitude de uma funcionária do metrô, que organizava a entrada das pessoas nos vagões. Ela viu um espaço de uns 10 centímetros cúbicos, me olhou e avisou: "ainda cabe mais um". Após eu entrar ,empurrou a porta, que é automática, para que fechasse bem.

Nesse momento eu já estava considerando fortemente a possibiliade de ter que rever o comentário final em um dos primeiros posts que fiz. No entanto, duas estações após fazer a mudança de trem para pegar aquele que iria direto até a porta da universidade, o aperto passou.

O primeiro problema, relativizando a questão, é que a estação na qual devo pegar o trem para Nanterre fica em um ponto central da cidade, onde convergem várias linhas dos metrôs de Paris. Logo, constantemente muita gente está saindo e entrando de lá. Se eu conseguir descobrir um caminho alternativo, ou se levantar ainda mais cedo, acredito que será mais tranquilo. A segunda questão, da qual eu não havia me dado conta anteriormente, é de que a partir de agora, com o período letivo começando em outubro, naturalmente o sistema estará mais frequentemente sobrecarregado.

Os números são impressionantes. Em apenas uma linha, 460 trens circulam diariamente levando mais de 550 mil passageiros por dia em 160km de trilhos...
E são mais de 20 linhas, considerando os trens que entram e saem da cidade, os metrôs, os ônibus e os trainways (como o da foto a cima), todos integrados.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Um dia em Paris

A facilidade com que encontro brasileiros faz com que dificilmente eu me sinta longe de casa.

Hoje acordei e, após comer algo, verifiquei no meu e-mail a mensagem de uma amiga brasileira que mora em Lyon. Ela havia me enviado o número de telefone de um amigo brasileiro que mora na casa do Brasil, aqui na cidade universitária. Conversei com ele e resolvi as dúvidas que tinha a respeito de algumas questões burocráticas. Ele me convidou para a pelada no final de semana com outros brasileiros.

Saí de casa, em direção à universidade. Uma moça me aborda na rua pedindo uma informação e, não sei bem por que, eu lhe respondo (em português):

- Você é brasileira?

- Como você sabe?

- Foi apenas um palpite. Já percebeu como é grande a chance de encontrar brasileiros por aqui?

Expliquei-lhe o funcionamento da cidade universitária e fiquei orgulhoso de poder dar uma informação para uma paulista que já está há 3 anos na França.

Ao chegar à universidade fui direto ao centro de dança para fazer minha inscrição no curso de Salsa. Ao entrar na sala de dança, vejo que sou o único homem entre umas 10 garotas – a maioria ainda bem tímida para dar os primeiros passos. Assim, inscrevi-me na turma intermediária e, no entanto, a professora me pediu que viesse também a turma de iniciantes para ajudá-la. Será um prazer! (Terei uma tarde inteira de dança toda semana!). Não encontrei brasileiros, mas ao comentar que dançava forró no Brasil, uma das alunas me falou sobre uma casa de música brasileira – samba de gafieira e forró - no centro de Paris.

Em seguida, me dirigi ao centro de línguas para inscrever-me nas aulas de francês. No elevador, mais duas brasileiras conversando. Troco duas palavras e sigo para o lado oposto ao sair do elevador. Antes de fazer a inscrição no curso, espero alguns momentos numa fila onde um italiano conversa comigo em português (de Portugal)...

Vou direto para o restaurante universitário (onde no dia anterior um trio de rapazes tocava jazz e bossa nova) e, no hall de entrada, encontro a segunda brasileira (curitibana) que conheci em Nanterre, que faz o mestrado em direitos humanos lá (a primeira foi uma cearense). Eu chegando, ela saindo do almoço. Dou uma dica a ela sobre o curso de línguas e combinamos de nos encontrarmos mais tarde para ir ao Museu Rodin, onde o Felipe, um amigo mineiro, que está mochilando por alguns dias na Europa (pelo couchsurfing), estaria me esperando.

Encontramos o Felipe, visitamos o museu e pegamos cada um uma Velib (no sistema de bicicletas livres de Paris) até Notre Dame. Na ruela onde vamos tomar um café, subitamente um berimbau dispara a tocar e um grupo de baianos a gingar capoeira. Os caras são bons, apesar de bem caricatos, meio show man (ou globe troters, como o Felipe descreveu), mas ainda assim com um jeitinho baiano inconfundível.

Começa uma chuva leve. A Noyelle parte pra casa e ainda tomo umas duas cervejas (por 8 Euros!) com o Felipe. Pego o metrô de volta e, em casa, antes de dormir, discuto rapidamente pelo Skype um trabalho que estou concluindo com um amigo carioca que morou em Brasília e agora está em Maceió.

Museu, rio, catedral, bicicletas, metrô e croissants... falta agora só conhecer os parisienses!

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Brasileiros no museu rodin

Felipe fotografando /// Noyelle entre as palmas de Rodin /// Jonas Hi-Five!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Couchsurfing

Minha primeira visão do mar na França foi proporcionada por Thomas e seus colegas, que me receberam com muita hospitalidade em seu belo apartamento em Nantes. Cheguei num dia raro de sol, o que favorecia uma visita a praia, há cerca de uma hora e meia dali.

Infelizmente, sem bateria na máquina, não pude registrar muitas imagens além deste pôr do sol, que valeu a pena, e a foto na faixa superior que dá título ao blog.

O Couchsurfing é um projeto muito interessante não só para viajar, mas para conhecer pessoas e lugares de uma maneira, dentro de seus limites, revolucionária.

domingo, 5 de outubro de 2008

EU na UE

Eis a torre...
Olhando assim, de relance, nem se diz que estamos assim tão longe de Brasília...




Eis a torre...
Olhando assim, de relance, nem se diz que estamos assim tão longe de...
onde mesmo!?





Primeiros passos

A primeira foto pode dar a impressão de que as duas crianças brigam pela bicicleta.






A segunda mostra como a irmã mais velha ajuda a menor a dar suas primeiras pedaladas.






A terceira foto da sequencia fica para a imaginação...

Coisas universais

Independente de sua origem, o olhar das crianças tem algo que, embora se perca com o tempo, é sempre igual... eu cresço para aprender a voltar a ser criança.










As crianças e seus sorrisos são universais. E a barbie também...




Outros olhares anteriores do Brasil...