sexta-feira, 17 de outubro de 2008

L'Université Paris X - Nanterre

De cara, a universidade de Nanterre se diferenciou das outras (não muitas) universidades que eu havia passado por aqui por uma questão bem evidente. Sua arquitetura, moderna, não responde ao padrão das construções antigas e monumentais das diversas universidades Sorbone ou das Escolas Superiores Normais que vi em Paris. Nanterre lembrou um pouco a UNB e, de uma forma geral, Brasília - com prédios um pouco mais funcionais e menos grandiosos do que as construções de Paris.

Sua estrutura é muito boa, com diversos pavimentos distribuídos ao redor do Campus, que tem no meio um grande centro atlético, com piscinas, várias quadras esportivas, salas de dança e teatro. Entre as construções, as quadras e os caminhos que os ligam há uma centena de gramados, muito verdes e constantemente repletos de jovens, que lá se reúnem entre os horários de aula e, principalmente, durante o almoço. Muitos preferem os sanduíches de baguete (hábito generalizado entre os estudantes de toda Paris) ao restaurante universitário que, para os meus padrões, é excelente. (Tirando o fato de que quando procuro um sanduíche sem carne, não poucas vezes este também não tem salada!).
Aparentemente, o fato de observar jovens brancos, negros ou asiáticos reunidos em grupos diferentes se deve mais a uma questão étnica do que racial, por mais confusa que esta diferenciação possa parecer, mesmo para a sociologia.

O Restaurante e os gramados:




Não sei bem dizer ainda o que estas diferenças significam, além de que, sendo uma universidade relativamente mais recente, deve carregar elementos distintos também na sua estrutura e organização social e cultural interna - seja em relação a professores ou alunos. A princípio, parece que as diversas manisfestações estudantis também têm uma forma particular em Nanterre, que foi o palco inicial da famosa Revolução dos Estudantes de 68. Nesse sentido, também diferente do que pude ver em outras universidades, os murais de Nanterre mostram bem porque ela tem a fama de abrigar os "esqueristas" (gauchistes, como ouvi dizerem por aqui). Não são raras as "greves" em que os estudantes fecham as portas da universidade, impedindo todas as atividades.

Os muros de Nanterre:

(Esse cartaz no meio não é um erro. Realmente estava lá!)



Este último merece uma nota especial. "Nenhum funcionário da universidade têm o direito de te pedir o visto para realizar sua matrícula. Sua identidade pode ser provada com seu passaporte. É a carteira de estudante que dá direito a um visto e não o contrário!"

Por incrível que pareça, esta é uma prática comum da qual muitos estudantes estrangeiros são vítimas e que dificilmente pode-se dizer não má-intencionada. Ao fazer meu visto, encontrei estudantes brasileiros que haviam passado por esta situação. O funcionário da universidade lhe pede o visto (e é difícil acreditar que este não saiba que isto não é necessário) e, ao ir à prefeitura, o funcionário da prefeitura lhe pede a matrícula. O estudante fica zanzando, indo e voltando várias vezes de um órgão a outro antes de que possa ser aceito legamente no país, como se isso o fizesse querer voltar...

Hoje, não pude comprar um celular pois ainda não tenho o visto. E o funcionário ainda me disse que o passaporte também não é válido. Como conheço algumas pessoas que já compraram telefones , mesmo sem o visto, e o cara estava fechado para o diálogo, fiquei pensando comigo: será que foi porque ele viu que sou brasileiro ou foi pela minha cara de árabe?

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